Entre os anos de 1990 e a
primeira década de 2000, esse cenário altamente permeado pelas mídias digitais
aliado ao movimento faça você mesmo (do it yourself = DIY) ou faça com os
outros (do it with others = Diwo) deu origem ao que hoje é conhecido pelo nome
de Movimento Maker, o qual consiste em uma das tendências de práticas que se
originou exatamente da formação de grupos de pessoas com interesses similares,
que focam no compartilhamento de ideias para melhoria e aprofundamento dos
conhecimentos sobre um produto qualquer, no sentido de melhora-lo e de
facilitar sua produção em diversos mercados.
O movimento foi-se
fortalecendo e com o lançamento da Revista Maker Movement, em 2005, e da Feira
Maker, em 2006, surge o Manifesto Maker que postula uma série de premissas que
caracterizam essa cultura, sendo que algumas delas são mencionadas a seguir:
todo mundo é Maker; o mundo é o que fazemos dele; se você pode sonhar com algo,
você pode realizar isso; se você não pode abri-lo, você não pode tem a posse dele;
ajudam-se uns aos outros para fazer algo e compartilham uns com os outros o que
criaram; não são apenas consumidores, são produtores, criativos; sempre
perguntam o que mais podem fazer com o que sabem; não são vencedores, nem
perdedores, mas um todo fazendo as coisas de uma forma melhor.
Já Paulo Freire (2005)
afirmava que educar é comunicar. Ele contestava a comunicação que se realizasse
fora das premissas dialógicas, principalmente quanto às supostas conversações
cujo objetivo fosse a imposição da ideia de um grupo, a qual não permitisse a
reflexão mais aprofundada voltada a superar o que chamava de “falsa consciência
do mundo” (FREIRE, 2005, p. 86). De fato, ele fazia uma forte crítica à
educação verbalista, refletindo que o fazer educativo:
[...] que se limite a
dissertar, narrar, a falar algo, em vez de desafiar a reflexiva cognosciva dos
educandos em torno de algo, além de neutralizar aquela capacidade cognosciva,
fica na periferia dos problemas. Sua ação tende à “ingenuidade” e não à
conscientização dos educandos (FREIRE, 2002, p. 86).
Influenciado também pelas
ideias de John Dewey, Freire (2005) destacava que o professor deveria promover
o enfrentamento dos alunos com suas realidades já em sala de aula a partir do
que chamava de situações-problema, as quais se desenvolveriam e seriam
solucionadas a partir de trocas reflexivas conjuntas estabelecidas entre os
participantes – educandos e educadores -, para uma real libertação e
humanização, para um verdadeiro domínio da cultura e da história. Tais
processos reflexivos e criativos são os responsáveis pela práxis enquanto
estrutura fomentadora da construção do conhecimento.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GAVASSA, Regina C. F. B.; MUNHOZ, Gislaine B.;
MELLO, Luci Ferraz de.; CAROLEI, Paula. Cultura Maker, Aprendizagem
Investigativa por Desafios e Resolução de Problemas na SME-SP, São Paulo, 2015.